Amor é muito mais do que hábito, é sobretudo tempo. E quando se ama, há sempre dúvidas e medos, há sempre uma vontade secreta de outros desejos, de outras viagens, mas vem o tempo e decide por nós aquilo de que não somos capazes.
Quando se ama alguém tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter connosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. E aprendemos a respirar na espera, a viver nela, afeiçoando-nos a um sonho como se fosse verdade.
A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. E se calhar é por tudo isso que já aprendi a esperar, confiando à vida tudo o que não sei, ou não posso escolher.
É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver.'
(M. Rebelo Pinto)
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