quinta-feira, 2 de abril de 2020

Dança!

"Não gosto de dançar!" 
Esta foi uma frase que me acompanhou desde sempre ou, pelo menos, desde que tenho memória! Raramente ia a discotecas, e mesmo quando acontecia eu ir, raramente dançava... era daquele tipo de pessoa que pega num copo (normalmente de sumo :p), para ter as mãos ocupadas e uma desculpa para não ir para a pista. 

Os bailes de verão eram um pouco a exceção... gostava de ir (ainda hoje acho uma certa piada)! Divertia-me! Não tanto pela dança, mas pelo tipo de convívio que proporciona. No início, quando comecei a ir, também não dançava, ficava mais num canto, contudo, com o passar dos anos, acabei por me deixar contagiar pela energia, e também acabava por dançar (mas sempre um pouco preocupada, e sem me expandir muito).

Hoje tenho a perfeita consciência de que a questão principal não era o "gostar de dançar!" O que eu não suportava era a possibilidade de ter olhares centrados em mim, nos meus movimentos, e a possível crítica/gozo que poderia advir. Sempre tive problemas de auto-estima e auto-confiança! Daí a minha necessidade de validação externa... necessitava de fazer as coisas o melhor possível, para que os outros pudessem reconhecer o meu valor e para que eu também conseguisse sentir que tinha valor (o que mesmo assim, não acontecia...). Ora então, dançar não era algo que eu conseguisse fazer bem! Sou muito desritmada, costumava dizer que tinha "dislexia corporal"... era-me (e ainda é) extremamente difícil conciliar passos, memorizar coreografias, transpor o que vejo os outros a fazer e  imitar... o que me fazia retrair... se não conseguia fazer bem, o melhor era não fazer... e por isso optava, a maioria das vezes, por não dançar!

Nestas últimas semanas (re)descobri a dança! Dançar tem sido uma terapia... 
Aproveito um momento do dia em que consiga estar sozinha, coloco uma música bem animada e ritmada (por vezes apenas para mim através dos fones), e a minha sala passa a ser uma pista de dança... danço à minha maneira, sem julgamento e sem expectativas... apenas eu, a música e o movimento do meu corpo desritmado! Consigo libertar a tensão acumulada, consigo limpar a mente de pensamentos que me entristecem e, durante aquele bocadinho, não existe mais nada... é muito catártico!! Sinto-me conectada. Sinto-me livre! (E no final, muito cansada...)

Não sei se dançaria da mesma forma, se estivesse no meio de pessoas ou simplesmente se estivesse a ser observada. Muito provavelmente não... contudo também não tenciono ir a discotecas em breve. 
E para além de descobrir esta sensação positiva que a dança me tem transmitido foi também importante constatar que algo que eu tinha enraizado como negativo ("não gosto de dançar!") tem-se revelado super positivo e benéfico. A minha crença, era apenas isso, uma crença, e que pelos vistos estava errada e longe de ser uma verdade absoluta... 
Quantas outras crenças terei que assumo como verdade, que poderão estar erradas?!?

E hoje, convido-te: dança! 
Dança como se ninguém te estivesse a ver!
Dança de forma livre e autêntica!
Dança a música que mais gostas de dançar... não importa quanto possa ser parola aos olhos dos outros!
Dança e talvez, como eu, te sintas um bocadinho mais livre, mais leve, mais solta! 



2 comentários:

Mary disse...

Foi com grande surpresa que fiquei a saber que estavas a dançar em casa... Confesso até que demorei alguns dias até entender exactamente o que estava a acontecer! Não por te julgar, nada disso, mas sim porque passei a vida toda a ouvir-te dizer que "não gosto de dançar", e acho que para o meu cérebro a informação era confusa... =P
Mas fico mesmo feliz que o faças, que isso te faça sentir bem e que seja uma experiência libertadora em diversos níveis!
Eu ao contrário de ti sempre gostei de dançar! Também me sinto preocupada com o que as pessoas pensam ou comentam quando o faço em público, mas talvez porque nas discotecas eu não tinha um copo de sumo na mão, aprendi a desinibir-me mais cedo e descobri que é muito mais divertido sair para dançar do que sair para ficar encostada ao balcão =P E timidamente fui arriscando, até já não me importar (tanto) com a opinião dos outros!
E como já não vou a uma discoteca há muito tempo, por vezes tenho saudades de sair para dançar... Abanar o corpo, sem técnica, sem julgamento... apenas dançar! E como nos deixa bem dispostos!
Muitas vezes dou comigo em casa a ouvir música e o meu corpo balança, sem regras, sem preconceitos, apenas eu e a música e num momento espontâneo começo a dançar... e é inevitável que nos momentos que se seguem eu sinto-me muito bem!
Boas danças!

Mel* disse...

Então, se já há muito que não sais para uma discoteca, se por vezes tens saudades de dançar, leva a discoteca até ti! Transforma a tua sala numa discoteca, onde escolhes uma música que te agrade e balanças todo o corpo, sem regras, sem censuras, apenas a balançar o corpo ao ritmo que te apetecer... quem sabe cantando também! Porque pode ser libertador, energizante e uma forma de transpirar boas energias!

E, se não gostares tens duas opções: ou repetes (porque todos os dias são diferentes, e nos sentimos diferentes, o que não resulta hoje, pode resultar amanhã) ou não repetes! :)