quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

De infértil a mãe de 3 filhos

A semana passada, num dos raros momentos de Tv ligada sem emissão de desenhos animados, estava a dar o Programa da Cristina, mais especificamente uma entrevista com uma senhora (Rute, se não estou em erro) que contava o seu percurso "de infértil a mãe de 3 filhos"...

A Rute contou que sempre sofreu horrores com a menstruação, que os médicos demoraram anos a fazer-lhe um diagnóstico (endometriose), e como isso afetou o seu percurso de vida. Que sempre achou que não podia ter filhos, pois foi crescendo a ouvir isso. Casou, e já que não podia ter filhos, decidiu deixar de tomar a pílula. Se não a estava a proteger de uma possível gravidez, visto que esta não era possível, evitava de levar com os efeitos secundários! Contudo, passado pouco tempo, estava grávida! E assim aconteceu das 3 vezes que tentou engravidar!

Ouvi o seu testemunho e identifiquei-me com muitos pedacinhos dele... nunca fui diagnosticada com endometriose, mas também eu sofri bastante com as dores menstruais... as dores eram tão difíceis de suportar, que não tinha posição para estar... muitas vezes tinha mesmo que ir embora da escola! Não havia Trifene que aliviasse (apesar da publicidade promissora na Tv)... o Felden (outro anti-inflamatório) era o único que, apesar de não eliminar as dores, as aliviava um pouco, mas apenas se o tomasse na hora certa, ou seja, antes das cólicas começarem....

Também eu cresci a ouvir médicos dizerem que teria dificuldade em engravidar. Ovários poliquísticos, probabilidade de engravidar pequena... quando cheguei à idade adulta, comecei a ouvir que muito provavelmente teria que fazer tratamentos de fertilização, caso pretendesse engravidar... e assim, passei quase 20 anos com a certeza de que dificilmente iria engravidar, e que se quisesse ter filhos, seria um processo moroso e complicado.

Não sei se apenas por esta situação, ou se por outros fatores, a verdade é que fui crescendo sem ter aquele sonho/desejo de ser mãe! Por isso nunca pensei muito no assunto... até que, tal como a Rute, chegou a altura de conversar com o meu marido sobre a questão dos filhos:

- Se queremos ter filhos, o melhor é deixar de tomar a pílula, pois provavelmente não vou conseguir engravidar, e para ser encaminhada para um especialista em fertilidade, tem que se tentar sexo desprotegido durante 1-2 anos (não sei ao certo). 
- Sim, vamos tentar, e logo se vê o que acontece - disse ele.

Deixei de tomar a pílula, mas sempre convencida de que não iria resultar, de que não iria engravidar... mas, muito pouco tempo depois, estava grávida!

E quando menos esperava, engravidei novamente!

Mas apesar deste percurso, e de ter conseguido engravidar facilmente, continuo a achar que se quisesse engravidar novamente teria dificuldades (tal como a Rute também referiu: de cada vez que deixava de tomar a pílula para tentar engravidar, achava que não ia conseguir...)... porquê? Por que motivo são estes pensamentos mais derrotistas e pessimistas que prevalecem? Será porque essa é a crença que está enraizada em nós e é muito difícil mudar uma crença?

Nos aparelhos eletrónicos é relativamente fácil... fazemos um upgrade, instalamos um novo software... mas e no nosso cérebro, como podemos alterar os nossos padrões de pensamentos? Como podemos fazer para alterar uma crença profundamente enraizada?

Eu não sei... mas gostaria de saber...!

Fotos - 1- Irina Ilina por Pixabay 2- Natalia Lavrinenko por Pixabay

1 comentário:

Mary disse...

No teu caso... de quase infértil a mãe de dois! Para já...... Eheh
Para muita felicidade da tia babada, porque esses pequenos vieram mudar também o meu mundo!

Eu ao contrário de ti não cresci com a convicção de que poderia ser um problema ser mãe! Pelo contrário, sempre cresci com o desejo de ser mãe um dia e nunca sequer me questionei que isso poderia não acontecer! E agora que chego à idade de pensar no assunto mais seriamente ocorre-me muitas vezes a ideia de que de facto posso não conseguir engravidar com facilidade, ou mesmo que posso ser infértil (ou o meu companheiro)! Para já não vou dar muita força a estes pensamentos, mas se for o caso há que aceitar e pensar em alternativas! =)

Para já sou tia que era também um desejo enorme que tinha e que é MUITO ENRIQUECEDOR! =)
Que venha o terceiro!!!