sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Educar com Mindfulness


O desabafo do último post serviu para dizer que na verdade nunca me preparei para ser mãe! 

Sempre gostei de me preparar para os desafios. Ir bem preparada para os testes, para uma apresentação, para o trabalho... para qualquer situação que soubesse de antemão que dependia de mim, gostava de ir preparada. Contudo, estava tão convencida de que não iria engravidar, que não me preparei para o papel mais importante da minha vida com antecedência. 


E foi apenas durante a gravidez que comecei a ler livros sobre bebés. Digo apenas durante a gravidez, porque penso que a preparação deveria começar antes... porque mais importante do que preparar o quarto, o carrinho, a cadeira da papa, as roupas, etc., é prepararmo-nos internamente para o novo desafio... 

Dra Shefali (uma das minhas autoras preferidas na área da parentalidade consciente) diz que " a parentalidade não é natural. Para nos conectarmos com a nossa criança necessitamos de aprender e desenvolver a nossa ligação emocional". E eu concordo... acho que há muitas coisas na parentalidade que de alguma forma são inatas, sabemos e pronto; contudo há muitas outras que necessitamos de aprender e refletir acerca... como por exemplo, que pais queremos ser?

Li alguns livros nessa altura, incluindo o "Educar com Mindfulness" da Mikaela Oven (a Mia - a minha "guru" portuguesa (sueca) da Parentalidade Consciente ). E foi aqui o meu primeiro contacto com a Parentalidade Consciente!  

Na altura pareceu-me algo tão "fora do normal", tão irreal que concluí de imediato que seria impossível de colocar em prática. Aliás, duvidei mesmo que alguém realmente conseguisse educar assim... mas como é que educamos uma criança se não a castigamos? Como é que ela vai aprender sobre o respeito? Como é que vai aprender a nos respeitar? Pareceu-me tudo demasiado permissivo, onde a criança acabará por não ter limites e a fazer o que lhe apetece... não é assim que eu pretendo que o meu filho seja! Eu quero um filho obediente, bem comportado, respeitador... (quero mesmo??!!)

Li o livro do inicio ao fim (por norma não gosto de deixar livros a meio... salvo raras excepções leio até ao final, mesmo que não me esteja a agradar)... lia, mas parecia-me algo irrealizável, utópico de mais! E quando terminei achei tudo muito lindo, mas que não era para mim. E coloquei o livro na prateleira... e lá esteve sossegado.. quer dizer, mais ou menos sossegado, pois volta e meia lá estava eu a olhar para ele... volta e meia ele chamava-me... mas deixei-o quieto! 



Até um certo dia em que ele me chamou tão alto, que tive de o tirar da prateleira e reler! E dessa vez fez mais sentido! Continuava a achar tudo muito difícil de implementar, mas li-o com outros olhos, com menos desconfiança e mais envolvimento... e tentava implementar algumas coisas no meu dia-a-dia! Contudo, só quando a interação com o Pedro começou a ser mais desafiante, quando dei por mim a gritar e a perder a calma com mais frequência do que desejava... muitas das vezes desesperada e com vergonha da mãe que estava a ser (o meu eu criança, ficava com muita vergonha do meu eu adulto, pois estava a comportar-me exatamente como não gostava que os adultos se comportassem comigo quando era criança, e mesmo hoje em dia - pois mesmo actualmente abomino que gritem comigo!!!)... só aí decidi mergulhar com tudo no livro! Voltei a lê-lo, desta vez tentando deixar de lado os meus filtros, as minhas crenças antigas, sem tentar avaliar constantemente se concordava ou não com o que lia. Contudo sempre a questionar-me como poderia na realidade colocar toda aquela informação em prática, como poderia funcionar no meu caso, no meu dia-a-dia, com crianças tão pequeninas…

Desde o livro da Mia, algumas coisas mudaram, muitas mais têm que mudar... tenho lido muito, pesquisado, feito formação! Para mim a mudança tem sido difícil, exigido muito esforço, mas é algo que considero ser essencial para conseguir ser mais vezes a mãe que quero ser. Talvez para algumas pessoas seja mais imediato, mais fácil, não sei! Para mim não é... tenho ainda um longo caminho a trilhar!




Mas tenho cada vez mais a certeza de que o meu caminho é por aqui, e de que, a cada passo que dou, fico mais perto da mãe que quero ser!

Fotos: 1- Pexels em Pixabay; 2- Mel; 3- 5598375 em Pixabay

1 comentário:

Mary disse...

Ser irmã mais nova tem algumas vantagens e a maior delas e que toda a gente reconhece facilmente é a de o irmão mais velho já ter vivido fases da vida primeiro e nos preparar para elas! É assim na escola, é assim nas discotecas, com os namorados, e também com os filhos!
E foi assim connosco! Graças ao teu caminho, à tua descoberta e aprendizagem deste-me a conhecer a Mia e a Parentalidade Consciente, e como já disse anteriormente, o facto de não ser mãe fez-me olhar para os exemplos sem filtro de mãe, simplesmente ouvir!
Acho que é um enorme desafio despegarmo-nos das nossas crenças, mas sei que és resiliente e preserverante para seguires na tua formação pessoal e seres a mãe que queres ser! Lembra-te sempre em aceitares-te como és! Não há pessoas perfeitas, por isso, não há mães perfeitas! Há sim, mães reais e humanas =) Assim como os filhos! =)
E caramba, mais alguém que leu esta mensagem reparou que leste o mesmo livro 3 vezes?! 3?! Whaaaat?!! Eu para ler uma vez já a criança estava na faculdade! Ahahah Ainda bem que inventaram audios e podcasts e irmãos mais velhos que nos contam a história ;) ahahah