segunda-feira, 23 de março de 2020

Fiquem em casa II

Ontem mais uma vez fiquei indignada com o comportamento de muitos portugueses... fiquei zangada e revoltada com as noticias de que, mais uma vez, as marginais se encheram de pessoas que sairam para uma caminhada, que a PSP de Coimbra foi chamada a intervir porque o Choupal estava apinhado de gente! 

Numa altura em que, a única coisa que nos é pedido (ou à grande maioria de nós) é FICAR EM CASA, não compreendo esta atitude!! Não compreendo que nos coloquemos em risco, a nós e a todos os que nos rodeiam! Numa altura em que a probabilidade de contaminação é muito elevada, não compreendo que não tenhamos todos os cuidados necessários! 

Ao fim de 9 dias de confinamento social, também a mim me custa não sair, principalmente porque é difícil de fazer compreender esta situação aos meus filhos... porque eles querem sair, ir ao parque, ir aos baloiços ou, o pedido de hoje, ir à praia... e entretê-los, todos os dias, sem essas saídas, não é de todo fácil.... mas continuamos a não sair porque é, neste momento, o nosso dever, e a única coisa que podemos fazer para ajudar a combater esta pandemia! 

Contudo hoje li um texto da Mia, que me fez pensar num outro ângulo desta situação, sobre o qual ainda não tinha refletido... e percebi que aqui, tal como em tantas outras situações, sou sempre demasiado rápida a fazer julgamentos... para mim a minha casa é um porto seguro! Um lugar onde gosto de estar, onde me sinto bem, onde há amor, compreensão, respeito!! A minha casa é um abrigo... 
e para aquelas pessoas que não sentem isso?? E para aquelas pessoas em que a sua casa é um lugar de medo, um lugar onde se sentem ameaçadas, prisioneiras, onde sofrem??  Para essas pessoas, o apenas ficar em casa é muito, muito mais do que apenas ficar em casa!! 

Continuo a defender com unhas e dentes que temos de ficar em casa, o máximo possível... desafio-me apenas a tentar julgar menos os outros!!

Fotos: 1- Gerd Altmann em Pixabay; 2- Martina Kopecká em Pixabay 

2 comentários:

Mary disse...

É bem verdade que somos sempre demasiado rápidos a julgar os outros... Muito menos vezes (ou mesmo nenhuma) somos tão rápidos a julgarmo-nos a nós mesmos... Mas temos o dever de aprender cada vez menos a fazê-lo, de termos cada vez mais o hábito de nos colocarmos no lugar do outro, de sentirmos cada vez mais empatia pelo outro...

Tal como tu, também senti o mesmo... a mesma velocidade de julgamento quando ouvi a notícia das pessoas na marginal "como se estivéssemos num fim de semana normal". E tal como tu, senti um grande arrependimento quando li no insta o texto da Mia... Fez-me pensar... Fez-me pensar o quão grata eu sou de ter um lar, de ter uma casa com espaço, com condições, com companhia, com amor... e mesmo fora desta casa física, tenho muita sorte no apoio familiar e de amigos que sinto por perto através das vias digitais...
Mas há de facto quem não tenha... por isso, vamos pedir por favor a todos que possam que fiquem em casa, e a quem precisa de respirar que o faça, em consciência e em segurança!

Mel* disse...

Apesar de eu fazer muito auto-julgamento, sem dúvida que também sou mais rápida a julgar os outros... julgar é muito mais fácil do que tentar compreender o outro, porque isso exige esforço, tempo, disponibilidade, empatia, etc, etc... e nem sempre estamos dispostos a isso... para julgar basta falar, por vezes nem o pensamento é requerido!!
Tenho tentado praticar o não-julgamento, mas é muito difícil, quase que parece contra-natura por vezes!! Mas acredito, que tal como na maioria das coisas, melhore com a prática...

Apesar de não achar que esta pandemia é uma benção (pelo contrário), acho que, uma vez que a estamos a viver, e não podemos alterar a realidade, podemos pensar em quão gratos podemos estar em relação a tanta coisa... podemos olhar para dentro, fazer uma auto-avaliação daquilo que realmente nos preenche, do que realmente importa, do que sentimos falta, do que mais valorizamos agora que não podemos ter ou fazer! E se calhar acabamos por ficar surpreendidos com as conclusões a que vamos chegar (ou não!!).

Estou muito grata por estares aí ;)